A Última Contagem

 

Era uma noite fria de 31 de dezembro, e a cidade estava em festa. O céu se iluminava com fogos de artifício, e as ruas estavam lotadas de pessoas comemorando o ano novo. Em um prédio antigo e esquecido, uma pequena festa acontecia. O local não era muito frequentado, mas aqueles que estavam lá o faziam em busca de um ambiente mais tranquilo, longe da muvuca das grandes festas.

Entre os convidados, estavam um grupo de amigos que se conheciam há anos. O ambiente estava decorado com luzes suaves, e a contagem regressiva para a virada se aproximava. Todos se divertiam com risadas e histórias do passado, até que um dos amigos, Lucas, sugeriu um jogo para passar o tempo até a meia-noite: "O Jogo das Sombras."

A brincadeira era simples: cada um, na vez de contar, devia olhar para o relógio e ficar parado por um minuto, sem dizer nada. Era dito que, durante esse minuto, poderiam ver algo além do que os olhos comuns podem perceber — algo do "outro lado".

No começo, todos acharam divertido e participaram. Mas quando chegou a vez de Clara, ela não conseguiu esconder o desconforto. Ela sentiu algo estranho, como se fosse observada, uma presença que a fazia arrepiar. O minuto parecia uma eternidade. Ela olhou para o relógio, e, ao focar na hora, algo mudou. As luzes piscavam levemente, e o som da festa sumiu, como se o tempo tivesse parado.

De repente, ela viu uma figura em pé atrás do sofá onde estava. O que era inicialmente uma sombra distante começou a se aproximar. Clara tentou gritar, mas não conseguiu. Seus amigos não perceberam nada. Quando o minuto se passou, ela olhou ao redor, e tudo parecia normal novamente. Mas ela sabia que algo estava errado.

Com a contagem regressiva finalmente começando, Clara não conseguia tirar a sensação daquilo que vira. Quando todos gritaram "Feliz Ano Novo", ela olhou novamente para o relógio, e a mesma figura apareceu, agora bem mais perto. Era uma pessoa de rosto pálido, como uma máscara de cera, e com os olhos profundamente escuros, que fixavam Clara sem piscar. Ela tentou correr, mas suas pernas não se moviam.

A figura então sussurrou, em uma voz que parecia ecoar do fundo do abismo: "Você será a última a ver o ano novo."

Confusa e desesperada, Clara olhou para seus amigos, mas eles continuavam celebrando como se nada estivesse acontecendo. Ela tentou falar, mas sua voz não saia. A presença parecia envolvê-la por completo. No instante seguinte, a figura desapareceu, e o som da festa voltou.

Mas Clara sabia que aquilo não tinha acabado. Quando o relógio marcou exatamente a meia-noite, ela viu algo ainda mais perturbador: todos os convidados da festa haviam desaparecido. Os copos e pratos estavam intactos, mas não havia mais ninguém ao redor.

Ela olhou para o relógio novamente. Ele marcava 00:01, e a sombra estava de volta, agora em pé atrás dela. Clara tentou correr, mas tudo o que encontrou foi escuridão, e um eco distante de risadas que nunca mais poderiam ser suas.


Imagem feita por Inteligência Artificial

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