Tabuleiro Ouija

A ORIGEM E A HISTÓRIA DO TABULEIRO OUIJA, JOGO DO COPO, JOGO DO COMPASSO E SEUS DERIVADOS

INTRODUÇÃO

Desde tempos mais antigos, os seres humanos demonstram uma intensa curiosidade pelo desconhecido e pelo sobrenatural. O desejo de se comunicar com os mortos, de compreender o que acontece depois da vida e de obter respostas do "outro lado" sempre esteve presente em diferentes culturas ao longo da história. Esse interesse levou ao desenvolvimento de diversos métodos e dispositivos que supostamente facilitariam o contato com entidades espirituais. Entre esses, destacam-se o Tabuleiro Ouija, o Jogo do Copo, o Jogo do Compasso e outras variações semelhantes.

A história desses jogos e práticas tem raízes profundas, interligando-se com as crenças espirituais da Antiguidade, os movimentos espiritualistas do século XIX e as influências culturais modernas, que ajudaram a popularizar (e, em alguns casos, demonizar) esses objetos. Mas até que ponto esses jogos são realmente um canal para o sobrenatural? O que há de verdade e o que há de psicologia envolvida? Vamos explorar essa jornada desde suas origens ancestrais até a atualidade.

A COMUNICAÇÃO COM OS ESPÍRITOS NA ANTIGUIDADE

Desde os primórdios da civilização humana, há registros de tentativas de contato com os mortos. Cada cultura desenvolveu seus métodos próprios para se conectar com o mundo espiritual, e muitos desses métodos envolviam objetos que se moviam supostamente por influência de entidades do além. Algumas dessas práticas antigas podem ser vistas como predecessoras diretas dos modernos tabuleiros espirituais.

Oráculos e Necromancia na Grécia e Roma Antiga

Os gregos e romanos acreditavam que os mortos possuíam conhecimento especial sobre o futuro e podiam orientar os vivos por meio da necromancia, uma prática que envolvia rituais específicos para evocar os mortos. Os antigos Oráculos Gregos, como o famoso Oráculo de Delfos, eram sacerdotisas que entravam em estados alterados de consciência para proferir mensagens atribuídas aos deuses ou aos mortos. Essas mensagens, muitas vezes enigmáticas, eram interpretadas por sacerdotes e usadas para guiar reis, exércitos e políticos.

Métodos Chineses de Adivinhação e a Escrita Automática

Na China, um dos mais antigos métodos de comunicação espiritual envolvia o I Ching, um sistema de adivinhação que datava de mais de 3.000 anos. Também havia a prática da escrita planchette (Fuji), onde um bastão ou objeto desenhava caracteres na areia, sendo um precursor dos modernos tabuleiros espirituais.

O ESPIRITUALISMO E A INFLUÊNCIA DAS IRMÃS FOX

A origem do Espiritualismo moderno está diretamente ligada ao caso das irmãs Fox, ocorrido em 1848, em Hydesville, Nova York. Margaret e Kate Fox alegavam que conseguiam se comunicar com um espírito por meio de "batidas" em resposta a perguntas. Esse fenômeno gerou grande repercussão e impulsionou a popularização de sessões mediúnicas, onde médiuns usavam diversos métodos para entrar em contato com entidades espirituais.

A partir do sucesso das irmãs Fox, muitos outros médiuns começaram a realizar experiências semelhantes. Foi nesse contexto que dispositivos como a planchette francesa surgiram e evoluíram para o Tabuleiro Ouija, comercializado no final do século XIX como uma ferramenta tanto para entretenimento quanto para investigações espirituais.

A TRANSCOMUNICAÇÃO INSTRUMENTAL (TCI) E A EVOLUÇÃO DAS PRÁTICAS ESPIRITUALISTAS

Embora o Tabuleiro Ouija e seus similares fossem amplamente utilizados, a busca por meios mais modernos de comunicação com os mortos levou ao desenvolvimento da Transcomunicação Instrumental (TCI). Esse conceito se refere ao uso de tecnologias como gravadores de áudio, rádios, televisores e computadores para captar mensagens do "além".

A TCI teve seus primeiros experimentos registrados no século XX, quando pesquisadores como Friedrich Jürgenson (1903-1987) afirmaram ter captado vozes inexplicáveis em gravações de fita cassete. O cientista Konstantin Raudive aprofundou esses estudos e alegou ter obtido milhares de gravações de vozes espirituais. O avanço da eletrônica permitiu a criação de instrumentos específicos para esse tipo de comunicação, como radios de varrimento e aplicativos projetados para facilitar supostos contatos espirituais.

A ORIGEM DO TABULEIRO OUIJA

Embora o desejo de se comunicar com os mortos remonte à Antiguidade, o Tabuleiro Ouija, como o conhecemos hoje, surgiu no século XIX, em um momento de intensa busca pelo espiritualismo. O Ouija não nasceu de um fenômeno sobrenatural espontâneo, mas sim como um objeto comercial, criado dentro do contexto do movimento espiritualista.

Os Primeiros Dispositivos de Escrita Mediúnica

Antes do Ouija, já existiam métodos de comunicação espiritual semelhantes. Um dos dispositivos mais antigos era a planchette francesa, um pequeno suporte de madeira com rodas e um buraco para colocar um lápis. Esse instrumento foi usado no século XIX para escrita automática, onde médiuns afirmavam que espíritos guiavam suas mãos para escrever mensagens.

Outro precursor foi a prática conhecida como “mesa girante”, muito popular entre os espiritualistas. Durante sessões mediúnicas, as pessoas colocavam as mãos sobre uma mesa e faziam perguntas aos espíritos, que respondiam movimentando a mesa para indicar letras ou palavras. Esse método, no entanto, era demorado e pouco prático.

Foi nesse contexto que um dispositivo mais simples e eficiente foi desenvolvido: um tabuleiro com letras e números, acompanhado de um indicador móvel que permitia que as respostas fossem formadas mais rapidamente.

A Patente do Tabuleiro Ouija

O Tabuleiro Ouija foi oficialmente patenteado nos Estados Unidos em 1891 por Elijah Bond, um advogado e empresário, que viu potencial comercial na ideia. Ele registrou a patente de um "brinquedo ou jogo" que consistia em um tabuleiro alfabético e um ponteiro deslizante, conhecido como planchette.

Porém, quem realmente popularizou o Ouija foi William Fuld, um empresário que comprou os direitos do tabuleiro e passou a fabricá-lo em grande escala. Ele deu ao Ouija um ar de mistério, alegando que o próprio tabuleiro escolheu seu nome ao ser questionado sobre como deveria ser chamado. A palavra “Ouija” teria sido formada espontaneamente no tabuleiro, mas há evidências de que pode ser uma junção das palavras “oui” (sim, em francês) e “ja” (sim, em alemão).

Sob a direção de William Fuld, o Ouija tornou-se um enorme sucesso nos Estados Unidos, especialmente entre aqueles fascinados pelo sobrenatural. Durante as duas Guerras Mundiais e a Grande Depressão, sua popularidade aumentou, pois muitas pessoas buscavam conforto tentando entrar em contato com entes queridos falecidos.

O Tabuleiro Ouija na Cultura Popular

A partir do século XX, o Ouija deixou de ser apenas um instrumento espiritualista e se tornou um ícone do entretenimento e da cultura popular. Ele passou a ser comercializado como um brinquedo pela Parker Brothers em 1966 e, posteriormente, pela Hasbro, que detém os direitos até hoje.

Filmes, livros e programas de TV ajudaram a consolidar a aura de mistério e medo em torno do Ouija, tornando-o sinônimo de fenômenos paranormais e histórias assustadoras. Apesar disso, estudiosos afirmam que os movimentos do tabuleiro são explicáveis pelo efeito ideomotor, que faz com que os participantes movam a planchette inconscientemente.

CONCLUSÃO

O Tabuleiro Ouija, o Jogo do Copo e o Jogo do Compasso continuam a intrigar e fascinar pessoas em todo o mundo. Seja por meio da história espiritualista iniciada pelas irmãs Fox ou pelas modernas pesquisas em Transcomunicação Instrumental, a busca pelo contato com o sobrenatural persiste através das gerações. A ciência explica o efeito ideomotor como a principal razão para os movimentos involuntários, enquanto crentes no sobrenatural continuam a relatar experiências intrigantes e, por vezes, assustadoras. Independentemente da interpretação, o Ouija e seus derivados têm um lugar cativo na história da busca humana pelo desconhecido.


Imagem feita por Inteligência Artificial 


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