A Foto Que Nunca Deveria Ter Sido Tirada

 

Sempre fui fascinado por fotografia. Quando recebi minha primeira câmera profissional, em meu aniversário de 18 anos, fui tomado por uma vontade insaciável de capturar cada momento. No começo, era algo simples: paisagens, amigos, a rotina do dia a dia. Mas, com o tempo, algo começou a mudar.

Minha paixão foi se transformando em obsessão. Passei a explorar lugares isolados e abandonados, sempre em busca de uma foto que fosse única, algo que ninguém mais tivesse. Foi então que, em uma tarde nublada de outono, encontrei um velho casarão em uma estrada deserta. Parecia abandonado há anos, com as janelas quebradas e as portas entreabertas, como se estivesse esperando alguém entrar.

Decidi que seria o meu próximo projeto fotográfico.

Entrei no casarão, a madeira rangendo sob meus pés, o cheiro de mofo e madeira apodrecida no ar. As sombras dançavam nas paredes, e o som de meus próprios passos ecoava pelos corredores vazios. Comecei a explorar os cômodos, tirando fotos da poeira e da decadência. Cada clique me dava a sensação de estar mais e mais conectado ao lugar, como se estivesse capturando sua alma.

Foi quando encontrei o quarto. No centro, uma velha cadeira de balanço, com marcas de desgaste visíveis. Mas o que realmente chamou minha atenção foi uma foto emoldurada na parede à frente, que parecia fora de lugar. Não parecia uma foto antiga, mas também não era recente. Era uma imagem em preto e branco, mostrando uma criança sorrindo. Mas havia algo estranho nos olhos dela. Um brilho estranho, como se estivesse observando algo além da câmera. Como se estivesse vendo algo que eu não conseguia ver.

Fiquei hipnotizado pela imagem. Quase sem querer, tirei uma foto da foto. Algo me dizia que deveria fazer isso, como se fosse parte do processo. Como se aquele clique fosse inevitável.

Ao olhar pela tela da câmera, algo estava errado. A foto da criança que antes estava sorrindo estava agora com uma expressão vazia. Seus olhos estavam mais escuros, como se algo estivesse tentando sair deles. Algo… de dentro da imagem.

Eu me apressei em sair do quarto, sentindo um frio gelado me envolver. Mas, quando saí do casarão, percebi que algo não estava certo. A foto que eu havia tirado da foto original não estava mais em minha câmera. Em vez disso, havia uma nova imagem, uma imagem que eu não me lembrava de ter tirado.

Na nova foto, a criança estava parada, olhando diretamente para a câmera. Mas não era a mesma criança. Seus olhos estavam completamente negros, e sua expressão era distorcida, como se estivesse em agonia. E, pior, algo estava se movendo atrás dela. Algo sombrio, indistinto, mas que parecia estar se aproximando da câmera.

Parei na rua, sentindo um peso no peito. Ao revisar todas as outras fotos da câmera, percebi que as imagens dos lugares que eu havia explorado não eram mais as mesmas. Algumas tinham figuras estranhas, sombras que não estavam lá quando eu as havia tirado. E, de alguma forma, todas pareciam se aproximar, se conectar de uma maneira que eu não entendia.

Voltei para casa, sem coragem de ver as fotos novamente. A cada noite, a sensação de ser observado crescia, e comecei a ouvir sussurros nas sombras. Sempre que olhava para as fotos na minha câmera, sentia uma presença se aproximando de mim. Mas o pior ainda estava por vir.

Na manhã seguinte, percebi algo que me fez gelar: em meu espelho, uma criança estava refletida. A mesma criança da foto. Seus olhos estavam completamente negros, e ela estava sorrindo, mas não de maneira amigável. Ela estava sorrindo como se soubesse que eu a havia encontrado, e agora, ela estava esperando.

E então, a cada foto que eu tirava, mais sombras começavam a se formar atrás de mim. Algo que eu não podia ver, mas sabia que estava lá. E agora, algo ainda mais perturbador: a criança, com seus olhos escuros, estava começando a aparecer nas fotos que eu nunca havia tirado.

Ela estava me caçando.
Imagem feita por Inteligência Artificial

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